A fisica quantica e a espiritualidade

 Eis-nos no início dos anos 1900. A teoria quântica nos diz que, para compreender o real, é preciso renunciar à noção tradicional de matéria: matéria

tangível, concreta, sólida. Que o espaço e o tempo são ilusões. Que uma partícula pode ser detectada em dois lugares ao mesmo tempo. Que a realidade fundamental  não é cognoscível.

Estamos ligados ao real dessas entidades quânticas que transcendem as categorias do tempo e do espaço ordinários. Existimos através de "alguma coisa" cuja
natureza e espantosas propriedades temos bastante dificuldade de apreender, mas que se aproxima mais do espírito que da matéria tradicional.

Bergson pressentira, mais que ninguém, as grandes mudanças conceituais induzidas pela teoria quântica.

 
No seu entender - exatamente como na física quântica -, a realidade não é causal, nem local: nela, espaço e tempo são abstrações, puras ilusões. 

As conseqüências dessa reformulação ultrapassam em muito tudo aquilo que hoje estamos em condições de acrescentar à nossa experiência, ou mesmo à nossa intuição. 

Pouco a pouco, começamos a compreender que o real está velado, inacessível, que dele percebemos apenas a sombra, sob a forma provisoriamente convincente de uma miragem. 

Mas o que há então sob o véu? 

Diante desse enigma, só existem duas atitudes: uma nos conduz ao absurdo, a outra ao mistério. 

A escolha derradeira entre uma e outra é, no sentido filosófico, a mais elevada de minhas decisões. Sempre dirigi o olhar para o mistério: o da própria realidade. 

Por que existe o Ser? 

Pela primeira vez emergem respostas no horizonte dos saberes. Não podemos ignorar mais esses novos clarões, nem permanecer indiferentes às aberturas de espírito que eles acarretam. Doravante existe, não uma prova - Deus não é da ordem da demonstração -, mas um ponto de apoio científico às concepções propostas pela religião.E é agora, ao aproximar-se esse mundo desconhecido aberto, que um verdadeiro diálogo entre Deus e a ciência pode enfim começar.

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